quarta-feira, 29 de julho de 2015

Eiger Ultra Trail





O dia da prova aproximava-se e foi novamente em família que viajei para a Suiça, cheguei na 4ªf e nos 2 dias que antecediam a deslocação para a zona de Grindelwald  fiquei em Friburgo, o tempo estava excelente e esses 2 dias foram passados a passear entre lagos, Vevey, Murten, Moutreux, Evian les Bains, Gstaad e Neuchâtel, o dia acabava sempre em Murten com um treino ligeiro e banho no seu belo lago!

Murten


Na 6ªf parti para Grindelwald, o Eiger Ultra Trail já estava debaixo de olho à 1 ano, tive de optar entre esta prova e Lavaredo, que provavelmente fica para 2016, os Alpes fascinam-me e depois de muitos kms na zona do Monte Branco em Chamonix era altura para conhecer a parte Suíça desta bela cordilheira.

Já conhecia a zona de Interlaken mas em pleno Inverno onde o branco da neve predomina. Grindelwald fica a 20km, é uma típica aldeia alpina, onde impera o turismo ligado à natureza, existem muitas unidades hoteleiras e de restauração. A prova começa e acaba no centro desta vila.






Cheguei a Grindelwald e fui directamente levantar o material. Tudo estava concentrado no centro: as tendas, os dorsais, pasta party e a saída e chegada das 4 provas que estavam no programa. No levantamento do dorsal era feito de imediato o controle de material. A lista era extensa, tudo era verificado. Se calhar resultado do excesso de rigor Suíço, achei que havia coisas que não faziam muito sentido enquanto obrigatórias, como por exemplo, óculos de sol e uma segunda t-shirt!


Saído dali o próximo passo era descobrir o chalé onde íamos ficar. Não foi difícil! O Chalé era muito agradável e típico. Também famoso pelo seu pequeno-almoço “tipicamente” suíço!
Ainda antes do briefing, fomos conhecer os postos onde iria estar a família a dar assistência. Nesse aspecto a prova esta fantástica, a organização vende um passe onde o acompanhante pode andar em todos os meios de transporte da zona, e, a maioria dos postos, são acessíveis apenas de comboio ou de teleférico!
Grindelwald

Às 19.30h estava marcado o briefing. A organização enviou um email a avisar que era obrigatório, assim sendo estávamos praticamente todos os atletas presentes. Não houve qualquer controle de presença, mas pelo menos tinham a sala cheia. Aqui encontrei os 2 portugueses que faltavam na comitiva (o Diogo e o Manuel Maria), éramos ao todo 6 portugueses na prova principal. Nos 30 minutos que durou o briefing, nada de novo, a não ser a questão de meteorologia em que havia a possibilidade de uma tempestade de verão com chuva forte e trovoada.(o que veio a acontecer, felizmente já tinha terminado a prova, mas levando mesmo a organização a neutralizada e a encurtar, muitas atletas foram surpreendidos por este fenómeno)


Terminado o briefing era tempo de jantar e descansar. Amanhã o dia iria começar bem cedo!

3.00h da manhã toca o despertador, tomo o pequeno-almoço, para equipar e sair para a zona de partida, tinha combinado com o David Quelhas às 4.00h.
Já alinhados e preparados na 1ª fila, encontro o Christophe Le Saux que tinha conhecido nos 8 dias do Peneda-Geres Trail Adventure, um bocadinho de conversa e estava na hora de partida.

4.30h em ponto é dada a partida, não estivéssemos na Suíça. A 1ª hora de corrida além de rápida foi de noite, mas pouco passava das 5.00h e já tinha tirado o frontal, era dia.
Os primeiros 13km foram praticamente sempre em subida até First, paisagens muito bonitas ao nascer do dia. O ritmo continuava bom e cheguei a este posto com pouco mais de 3h de prova. Depois era uma descida até Bort, aqui iniciávamos a subida ao ponto mais alto da prova o Faulhorn a 2700 metros de altitude. A subida é dura mas até aqui nada técnico, e lá no alto a vista é fantástica sobre o vale de Interlaken. Desde este posto até Burglauenen era uma descida muito longa, cerca de 20km e nos primeiros 12/15km bastante técnica, com muita pedra, estreita e muito íngreme em algumas zonas. Durante a descida podíamos apreciar as vistas dos 2 lagos que separam Interlaken, muito bonito, quase que apetecia parar e deitar naquela relva a apreciar a paisagem.


Faulhorn
Chegado a Burglauenen, que era o posto principal da prova, tinha a Cláudia e o David à minha espera, é sempre bom nestas provas mais longas onde passamos muito tempo sozinhos, saber que estamos a ir ao encontro “dos nossos”  é um bom empurrão. Neste posto enquanto comia um esparguete e trocava de t-shirt e meias fiquei a par de como tinha corrido a prova do David. Da organização constava uma corrida para as crianças a partir dos 3 anos. Ele adorou e estava todo contente, até ganhou uma t-shirt oficial da prova, estas iniciativas deviam de acontecer muitas mais vezes, são importantes na formação das crianças!

Quando saio de Burglauenen tinha pela frente a dificuldade principal da prova uma subida de cerca de 17km onde íamos dos 800 até aos 2300 metros. Aqui o calor estava a fazer-se sentir, e nos últimos 6km de subida, que eram os mais duros comecei a sentir má disposição, foi em perda que já cheguei a Mannlichen, aqui parei mais tempo que o normal, cerca de 10 minutos para tentar descansar e comer, mas não estava a conseguir alimentar-me e até beber estava a ser complicado, mesmo a água fresca não caia bem. Só conseguia beber fast hydration, ao menos isso, queria evitar a todo o custo desidratar, por isso segui para o próximo posto sem comer nada.



Burglauenen
Lá chegado tinha novamente a família à espera e tinha esperanças que a coisa pudesse melhorar, a descer ainda rolava muito bem agora quando começava a subir parecia que me empurravam para baixo, não havia energia!
Ao chegar a Kleine Scheidegg o David veio ao meu encontro e ganhei novamente algum ânimo, apesar de não o conseguir acompanhar a subir L! Sabia que a partir daqui seria quase sempre a descer. Não consegui comer nada de novo, e optei por encher uma garrafa com coca-cola e outra com fast hydration, foi praticamente a minha alimentação até ao final.
Era sempre a descer até à subida final para Pfingstegg. Esta descida foi muito rápida, era uma daquelas que me dá prazer descer. Pelo meio encontrei a família que descida de comboio, e uma das estações era coincidente com um posto. Aí a Cláudia lembrou-se que tinha uma embalagem de papa de fruta que era para o David, comi, finalmente uma coisa que me caiu bem, era a energia que faltava para fazer a subida para Pfingstegg. Subida curta, com cerca de 3km, mas em algumas partes bastante dura. Cheguei ao topo novamente sem energia mas já via Grindewald e era sempre a descer até à meta. Os últimos 6km foram sempre no limite, tinha o objectivo de baixar das 16h. Nos metros finais fui novamente acompanhado pelo meu pequeno campeão que terminou a corrida ao meu lado e bastante mais fresco!
Meta

No final ainda deu para terminar abaixo das 16h, 1 minuto, mas deu.....que era o objectivo que me propus. 
Mesmo com estes contratempos consegui pela 1º vez fazer uma prova de 101km abaixo das 16h.
Tinha feito em 2013 Cavalls del Vent em 16:56H, em 2014 o CCC em 16:22h e agora o Eiger em 15:59h.

No final deu o 19º lugar no escalão e 51º da geral.

Já quando estava em fase de “recobro” recebo a excelente notícia que o meu amigo David Quelhas tinha feito 3º da geral, grande máquina, grande atleta, este “miúdo” tem um futuro muito promissor.

Resumindo, o Eiger Ultra Trail é uma prova que aconselho a fazer, com uma excelente organização e um percurso alpino fantástico, o ambiente que se vive em Grindelwald é muito agradável, assim como em alguns locais onde a prova passa. Além disso, estamos sempre a cruzar-nos com pessoas que caminham na montanha e que nos incentivam constantemente. A chegada a Grindelwald também é emotiva com muita gente a assistir e ao som dos famosos “badalos”.

"Um aparte, já fiz muitas provas em Portugal e no estrangeiro e continuo a ver a maioria das pessoas a não saber usar os bastões quando não os está a utilizar, os bastões não são armas para furar ou cegar quem vem atrás.... mais de 90% das pessoas não os utiliza correctamente , não é com as pontas viradas para trás, mas sim para a frente e para baixo, eu nunca usei, mas não parece ser difícil entender a lógica, começo a perceber o porque de algumas provas não permitirem o seu uso por questões de segurança."

Agora, começar a pensar e preparar a viagem ao país do sol nascente para o principal objectivo do ano, as 100milhas do Mt. Fuji no Japão a 25 de Setembro.

Aqui ficam mais algumas fotos:









2 comentários:

  1. Espectacular Pedro ... a Suiça tem um encanto especial ... muitos parabéns por mais uma e força para a grande aventura do dia 25 de Setembro. Abraço

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  2. Obrigado Carlos, fiquei "in love" com os Alpes Suiços, abraço :)

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