quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Ultra trilho dos Abutres

26 de Janeiro de 2013
47km e 2500 metros de desnível positivo

Eram 4h da manhã e estava a sair de casa com destino a Miranda do Corvo. Ia sozinho, desta vez a família ficava em casa ao contrário do que acontecia nas maratonas de estrada que aproveitávamos sempre para uns dias de férias. Aproximava-se a hora da partida para o Ultra Trilho dos Abutres, tinha estado as 3 últimas semanas (tanto tempo) a preparar a minha 1º ultra. Praticamente sempre à beira-mar, com poucas subidas, mas com alguns treinos na areia e ginásio para dar mais alguma força! Ainda estava muito verde nestas andanças do Trail....

Cheguei a Miranda ainda de noite. Já havia muita gente a chegar ao pavilhão, para levantar dorsais, e a preparar o equipamento para a prova. Já se sentia no ar um certo nervoso miudinho, também de expectativa, eu não sabia bem ao que ia, na zona de levantamento dos dorsais éramos avisados que o percurso tinha sido alterado para 47km, mais 2km de que os 45km anunciados, porque a semana anterior tinha sido de muita chuva, vento, tornados, enfim....do pior! Esperava já mais dificuldades no terreno e que dificuldades como vim a constatar.
Depois de levantar o dorsal voltei ao carro para me equipar e preparar o material, de seguida entrei para o controle 0 do material obrigatório e depois no "parque fechado"! Tudo normal, agora era só esperar a partida.

Às 8h era dada a saída para a prova. Estava um bonito dia de sol de Janeiro, a parte inicial foi dentro de Miranda e na zona do Zoo, local muito agradável que mais tarde tive o prazer de visitar calmamente. Fiz os primeiros kms ao ritmo de uma prova de estrada, não tinha experiência nenhuma de Trail, apenas a experiência que trazia das maratonas de estrada, (o que de nada me serviu, como vim a confirmar). Com 10km de prova, já sentia grande desgaste, muita água e lama, terreno pesado não estavam a ajudar nada,e comecei a perceber, que ia ser uma jornada muito difícil de terminar. Aos 20km comecei a sentir os primeiros sintomas de câimbras, e foi com alguma dificuldade que cheguei ao posto de abastecimento (PA) que estava logo ali, para minha sorte. O posto estava bem "apetrechado", e uma sopinha quente fez toda a diferença. A má hidratação, e alimentação, bem como também deficiência ao nível do treino estavam a ditar estas dificuldades! Só tinha levado 3 géis, como fazia para uma maratona de estrada :). 
Saí do posto de abastecimento bem alimentado e tentei hidratar o melhor possível, tive de baixar o ritmo, e gerir para chegar ao próximo posto. Pensava que, com câimbras tão cedo, iria ser um calvário chegar ao fim. Até ao seguinte PA continuou a dureza. O terreno era muito técnico, havia muita lama, e muitíssima água, já nem falo das subidas e descidas constantes!


Os riachos estavam todos com caudal máximo, era preciso andar dentro de água até à cintura algumas vezes. Foi muito difícil e desgastante! Mas lá cheguei ao PA seguinte, e novamente as câimbras deram sinal. Na chegada, uma série de escadas acentuaram estas câimbras, mas um gel e muita água além de um bom abastecimento, (acho que comi quase de tudo) foram suficientes para que me sentisse ligeiramente melhor. Lá continuei! Faltavam 17km, mas só 10km seriam de dificuldade. Nessa altura, tinha um grande objectivo, chegar ao ultimo PA, mas continuava mais do mesmo, desta vez as câimbras não apareceram, mas o desgaste já era muito, quer físico quer psicológico. Pensava em desistir frequentemente, aos 37km senti  necessidade de falar com a Cláudia, durante a curta conversa ouvi o David e ai sim ganhei mais forças para terminar a prova o mais breve possível, essa chamada que bem me fez! Senti-me bem melhor, e lá consegui chegar ao posto. A partir daqui, criei um novo objectivo: chegar ao fim ainda de dia! Sabia que, daqui até ao final, a dificuldade era pouca, e os últimos km seriam dentro de Miranda novamente. Quando cheguei à "civilização", a bom ritmo tive a certeza que terminaria a minha 1º ultra.
Assim foi, apesar de a poucos metros da meta termos de fazer uma "subida" que não passava de uma rampa de cerca de 30 metros mas com inclinação acentuada que me levou a dizer alguns palavrões, pensando em quem se lembrou de colocar aquela dificuldade ali.

9h depois, entro novamente no pavilhão, mas com uma satisfação enorme. Tinha terminado a minha 1º ultra de montanha e com as condições do terreno que estavam que tornaram a progressão muito difícil e desgastante além dos 2500 de D+!

Depois de receber a lembrança de finisher, segui para o banho de água fria, (para não variar com o que foi quase toda a prova), roupa seca e siga para junto da família para contar a aventura.


Agora havia que planear a próxima, que viria a ser a Geira Romana!










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